5.5.11

Destroços de uma Civilização - The Machine, The Human, The Demon.

 Destroços de uma Civilização - The Machine, The Human, The Demon.

O ano é 2081, um futuro não tão distante, talvez para um filme idiota de ficção-cientifica.

Antes de tudo preciso lhes falar que não sou um humano, sou uma maquina futurista programada para substituir essa maldita raça faminta por destruição e esse cargo não me traz “felicidade” e tenho motivos para dizer que aqui nada me traz felicidade, somente ela...

  A prostituta deitada na calçada imunda há anos fora uma das mulheres mais ricas da cidade, o bêbado na parada de ônibus fora um pai que matou toda a sua família a pauladas, ele se funde com as suas próprias fezes que se misturam com o seu vomito pastoso, o morto pútrido no beco infesta a narina deles, porém o cheiro da morte já é comum. A ‘chuva ácida’ de ontem fez os esgotos transbordarem e a cidade agora fede a fezes com o leve frescor da fumaça misturada com o cheiro da erva alucinógena dos garotos do beco, a fumaça das maquinas voadoras faz uma neblina densa na metrópole. Eu procuro sempre andar rápido e bem oculto em meu casaco, procuro também não encostar-se à imunda pele deles, odeio me sujar com esses vermes, meus pés metálicos esmagam os ratos que passam a minha frente, os ratos são puros em pensamento, porém a sua natureza é imunda, mas os humanos são podres e buscam se esconder dentro da mais maldita luxuria formando um casulo onde eles podem fazer suas porcarias. Sinto o ódio que eles eram para sentir, mas não sentem e dentro de tudo isso eu sou somente uma maquina ambulante que odeia.
   Abro o portão do prédio com rapidez, o prédio está cada vez mais imundo, as paredes estão podres e mofadas, eu olho para o elevador velho que parece um belo convite para um suicídio, subo as escadas até o oitavo andar, eu percorro o corredor com certo temor, as portas em que passo guarda circos-de-horrores, perto do meu quarto avisto um casal, eles se debruçam no calor do sexo na janela do prédio, a garota é minha vizinha e só tem dezesseis anos, ela mora com o pai que a obriga a se prostituir para sustenta-lo, ela mostra nojo, o velho que há agarra é asqueroso, ele baba e geme como um porco sendo esfaqueado, aposto que a sua genital  podre está fazendo uma festa naquela pobre criança, o seu nome é “Michelle”. Vejo um espectador, ele espia de dentro de seu quarto enquanto se masturba, seu rosto possui muitas rugas que mais parecem deformações, abro a porta do meu apartamento que está quebrada “ainda não tive tempo de arruma-la” entro nele, é o fim da depravação. 
   O quarto está desarrumado, a mesa está cheia de livros abertos e copos de Óleo para maquinas, eu estudo uma solução para sair deste inferno, mas é difícil, não existem territórios vazios, a superpopulação de humanos e maquinas está ocupando praticamente toda a terra e até mesmo os grandes desertos estão ficando apertados. Os pedaços de maquina, livros e caixas estão por todo o quarto, a janela está fechada, eu me dirijo a cozinha, está limpa, na verdade o meu apartamento esta organizado e limpo, apesar de estar lotado. Eu passo um longo tempo lendo e então me desligo, preciso carregar um pouco. Passo três dias desligado.
   O meu sistema capta barulhos estrondosos, eles param por uns minutos e aumentam, então eu sou acertado por algo e desligo.
   Eu estou ligando novamente, alguém me ligou, o meu sistema indica que eu passei dois meses desligado. Minha visão abre aos poucos e eu começo a me movimentar, há muita areia em meu esqueleto, minha visão volta, estou em um cenário pós-apocalíptico onde tudo está em ruinas, eu fui arremessado longe, há humanos há minha volta, eles parecem cães assustados e desabrigados e eu um açougueiro que traz um grande pedaço de bife, são sete humanos e entre eles está ela, Michelle, ela me olha com a preocupação que nenhum dos outros tem, ela tem cabelos negros até o meio das costas que agora parecem desgrenhados, seus olhos são claros como o sol, seus lábios estão descascando assim como o seu nariz que é um pouco grande que em seu rosto é ideal, sua pele ainda está branca apesar do sol que bronzeia os demais, ela é uma obra perfeita.
   Eles estão assustados e me levam para uma cabana em meio às ruinas da antiga e tecnológica civilização humana. Há latas por todo lado, assim como os cadáveres, a cabana era grande e lá dentro havia dezenas de vermes humanos, um dos organizadores ficou diante de mim e disse em voz fraca “Ó líder das maquinas, nos ajude com teu conhecimento ilimitado, e nos leve daqui com a sua engenharia!” do que ele estava falando? Quando me viro uma velha dama humana sussurra “Ele esta falando do projeto ‘Éden’...” a palavra “ÉDEN” explodiu em minha mente robótica como uma granada de mão Alemã M-24, Éden era o projeto que eu tinha para fugir deste inferno, uma nave que me levaria para uma ilha no meio da Antártida, uma ilha pequena ideal para eu começar o meu novo mundo, este era o meu plano, um plano guardado a sete chaves, só para mim, quem poderia ter descoberto isso?! Eu saio bruscamente da cabana “HUMANOS MALDITOS!”.
    A noite cai, o céu está vermelho e os ratos estão em montes nas ruas, eles fogem do que poderia ter acontecido, estou na antiga praça da cidade, onde só restou um banco, os meus planos foram arruinados, tudo que eu queria era esmagar o humano verme que violou os meus planos. Alguém se aproxima, estou pronto para tudo e rezo para ser um humano. Então eu ouço “Eu contei para eles...” é uma voz angelical e fraca, ela repete com a voz mais alta, porém ainda fraca “EU CONTEI para eles”, é ela, Michelle, ela me espiou, desgraçada, eu a agarro pelo pescoço e a levanto, eu sinto fúria, estou pronto para mata-la e assim matar todos ali, assim eu ficaria sozinho na cidade ruina, era perfeito, qualquer um que se aproximasse para habitar a cidade seria exterminado. Ela olha para mim, os seus olhos são belos assim como ela, ela olha para mim e eu berro “Maldita, o que faz comigo?!” eu a-solto.
   Eu sento no banco da praça, ela está ao meu lado, então eu pergunto “Por quê?” ela responde “vivia em um mundo de caos e traumas, certo dia eu me vi decidida, iria acabar com o meu sofrimento, iria cometer suicídio, sai de casa sem meu pai me ver, eu ia me jogar da janela, porém ele percebe que não estou lá, ele grita ‘SUA VERMEZINHA, VOCÊ VAI SE ARREPENDER! ’ eu estava atormentada e ainda não aceitava a ideia do suicídio, então entrei no apartamento vizinho, a porta estava aberta, era o seu apartamento, fiquei lá por um tempo então avistei livros e anotações na mesa, comecei a ler, então descobri o projeto Éden, voltei a minha casa e aquele cara que você vira quando chegou era um velho amigo do meu pai e as doenças que ele me passou agora devastam o meu corpo, era inaceitável, estávamos na janela, então me joguei para trás e caímos do oitavo andar, quando acordei estava no terraço de um hospital, então o cataclismo aconteceu. Sobrevivemos, todos nós precisamos de ajuda antes que ocorra algo pior, todos nós precisamos do Éden, eu não preciso do Éden, pois a minha carta de morte já fora assinada, mas quero morrer com a consciência de que fiz algo”. Paro por um bom tempo e reflito, “Como pode ter pena desses vermes?” era ridículo, ela queria salva-los, então ela responde “Sejam quem for, estou pronta para salva-los e perdoa-los, pois o que eles fazem não é culpa deles, mas sim da sociedade que os fez assim, eles me deixariam morrer, mas eu não, pois não me igualo aos demais, acredito que todos somos filhos de Deus” fez-se o silêncio então ela encerrou “E então Homem-Maquina, me ajude a cumprir o plano Éden e livrar estas pobres almas que perderam a inocência”. 
  - Eu não sou filho de deus – falei e então acabei – seria um risco voar com essas ameaças e não temos naves, o Éden era um plano meu, adaptado para as minhas necessidades e não para a necessidade desses humanos!
 - você esta aceitando a alternativa maquina, existe um coração dentro dessa lataria, faremos o possível e o impossível, eles estão acordando para a realidade, vamos, nós podemos... – fala ela, ela tem uma esperança fútil que me conquista, me pergunto “eu iria ajudar a eles?”.
  Então eu falo - Espere amanhecer Michelle, amanhã terá uma resposta – “se você acordar viva esteja pronta para o trabalho, ao contrario todos morrerão” penso isso, mas prefiro me calar, ela se foi e eu fiquei ali, afogado em meus pensamentos, qual seria a minha decisão?
Por hoje é só galera! Logo, logo estarei postando a segunda parte:
Destroços de uma civilização - God loves the machines?”. 
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